No começo de 2024, fiz uma viagem incrível a São Pedro do Atacama e decidi compartilhar aqui no blog um pouco dessa experiência que me trouxe muito aprendizado sobre uma cultura bem diferente da nossa e que se desenvolveu sob a influência de um clima e uma geografia muito particulares.
São Pedro do Atacama é uma pequena cidade no norte do Chile, a 2.400 m de altitude, em um planalto na Cordilheira dos Andes. A região é famosa por abrigar o deserto mais seco do mundo e por atrativos naturais únicos, como lagoas repletas de flamingos, formações rochosas e depressões que lembram o solo lunar, lagunas de água mais salgada que a do Mar Morto, um vulcão e gêiseres. É tudo tão belo e inusitado que, apesar do clima inóspito, o Atacama se tornou um grande pólo turístico.
Fundada pelos espanhóis, São Pedro de Atacama está em uma área que foi considerada estratégica pelos colonizadores tanto pela sua localização estratégica como pela exploração do sal, que era muito valorizado. Aquele território, um dia, já esteve no fundo do mar, e por isso há salares e lagos de água salgada.
Antes da chegada dos espanhóis, a região era ocupada predominantemente pelo povo atacamenho Likan Antai, e a influência indígena se faz presente. O traçado urbanístico do povoado tem influência espanhola, porém as construções trazem muito da cultura do povo originário e são feitas com materiais típicos da região, como adobe e madeira de chañar (que é uma árvore típica daquela região árida).
É curioso notar que muitas residências e hotéis não têm janelas externas – do lado de fora, tudo que se vê são muros. Isso porque a presença de janelas facilita a troca de calor, aquecendo ou resfriando o interior. Para garantir o conforto térmico, as janelas ficam voltadas para um pátio interno, outra característica construtiva espanhola originada na arquitetura árabe.
Por óbvio, não posso deixar de destacar a gastronomia. Há ótimos restaurantes tanto de culinária típica da região como de cozinha internacional e até mesmo uma padaria artesanal que não fica devendo nada às boas padarias que temos por aqui!
Os ingredientes locais não são muitos, já que o solo impregnado de sal e o clima árido tornam a agricultura um verdadeiro desafio. Usam-se basicamente tubérculos, como batata-doce, batata e mandioca, e um tipo de milho mais rústico. A carne de lhama é amplamente consumida, e também há boa oferta de pescados e frutos do mar, já que a costa chilena fica a apenas algumas horas de San Pedro. Os ingredientes que vêm de outras localidades do país ou do exterior chegam lá a preços altos por conta do difícil acesso.
O estilo rústico predominante em toda a cidade também está na arquitetura de bares e restaurantes, onde se pode observar o uso criativo de materiais triviais, como sacos de batata servindo como cobertura que garante uma boa sombra em área externa. Uma solução funcional e muito charmosa!
Um único texto é pouco para falar dos tantos encantos naturais, arquitetônicos e gastronômicos de São Pedro do Atacama, então deixo o convite pra você me acompanhar no Instagram @claudianovaes.arq onde eu compartilho mais sobre essa experiência tão rica. Nos vemos lá!
