A República Grão é uma padaria artesanal muito charmosa localizada no bairro da Bela Vista, em São Paulo.
Os trabalhos para este cliente tiveram início com a elaboração de um plano de negócios realizado pela consultora Bruna Sampaio, e antes de partir para a criação do projeto de arquitetura, fizemos uma análise minuciosa do modelo de negócio, do manual de identidade visual desenvolvido para a marca e dos produtos que o estabelecimento viria a oferecer.
As principais referências para a composição da decoração da República Grão foram a República Velha e a chamada Política Café com Leite, a estética de jornais, ilustrações e materiais gráficos da época, além do estilo colonial mineiro e da arquitetura paulista do início do século XX.
O ambiente tem um ar de empório antigo do interior, com mistura de acabamentos e combinação do estilo rústico, presente na parede de tijolos e madeira de demolição, com elementos que trazem a estética industrial urbana, como a serralheria presente na fachada, no forro vazado de perfil de alumínio que traz amplitude e na moldura suspensa de onde pendem cestarias e objetos vintage. Em algumas áreas do piso e revestimentos, o azulejo português traz a influência da colonização europeia em Minas.
Em relação às questões técnicas, o projeto arquitetônico da República Grão foi desafiador. Precisamos criar soluções para que o imóvel, que não tinha grande metragem, pudesse abrigar todas as frentes de atendimento, que além da panificação, trabalha com confeitaria, café, refeições e empório.
O fato de o espaço estar sob um prédio residencial e sofrer interferência de elementos do edifício, como pilares e escadas, também impôs desafios. Definir onde e como seriam instaladas a área técnica e a câmara frigorífica foi o ponto de maior complexidade, além do cuidado extra com o sistema de coifas, que deveria funcionar adequadamente sem que o ruído incomodasse os vizinhos.
Para a realização dessa obra ainda foram necessários projetos complementares de engenharia, hidráulica, sistema de exaustão e, principalmente, parte elétrica, já que padarias exigem maior carga de energia.
O resultado de todo esse trabalho foi um espaço onde os funcionários trabalham com segurança e eficiência e o público paulistano pode curtir uma atmosfera de outros tempos, interiorana e acolhedora, bem no centro da cidade.